quarta-feira, 24 de março de 2010

E talvez eu possa mesmo escolher

Eu abri a janela hoje cedo pra ver se algo lá fora falasse pro meu coração ficar mais lento. É porque eu tinha algo pra fugir de tudo, mas agora, eu to precisando fugir principalmente desse algo.

Eu vejo gente feia, gente sem dente, gente que ainda nem sabe que é gente e gente que esqueceu como é isso andando por aí e eu penso que talvez não seja só eu que queira tanta coisa.

Eu queria escolher o padrinho do meu filho caçula, a amiga do chá das cinco; o ‘cumpade’ que leva cerveja pra jogar truco na quinta à noite; a vizinha que sempre faz festa pros sobrinhos e me leva brigadeiro no outro dia; o outro vizinho que vai lavar o carro sem camisa; aquela pra me ligar às 3h da manhã pra falar que viu na tv um ‘anel-minha-cara’ mas que ele custa 5x mais do que eu posso pagar; um vovô que passe todo dia em frente a minha casa e me chame de Patrícia misteriosamente. Eu queria escolher alguém que não precisasse dizer ‘eu te amo’ sempre pra parecer apaixonado, mas que me falasse que eu fiquei horrorosa só pra não confessar que meu vestido vermelho tá curto demais.

Já achei que eu tivesse encontrado muita gente dessas, já conheci gente e sorri por pensar “esse vai ser o vizinho” ou “essa vai ser a perua que vai me roubar os batons”, já foram embora muitos, mas eu ainda tenho muitas janelas pra abrir até eu conhecer todos os outros.

Eu não sigo regras pra as coisas acontecerem, eu prefiro que os dias vão me mostrando como que tudo isso acontece; mas é claro que quando eu tenho um tempo pra pensar bobeira, eu sempre penso em quantos sorrisos diferentes vai ter o carinha que vai deixar um chocolate do lado do travesseiro com um papel cortado à mão escrito: “o que te engorda, te mata mas você ta precisando engordar uns dois quilinhos ;)”.

Eu to precisando pensar nessas coisas sem pé e nem cabeça, costuma funcionar quando eu preciso fugir.

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