domingo, 2 de maio de 2010

O amuleto que eu fiz

Eu fiz um amuleto, desses de guardar em cordinha de pescoço e que te faz lembrar presentinhos de gente que baba quando pensa em outra gente. Quando eu tenho raiva do que esse amuleto me lembra, dá vontade de jogá-lo na parede branca do meu quarto, mas eu o guardo no bolso como quem não vê a hora de pendurá-lo novamente. Quando eu o tiro do bolso, eu o seguro bem forte pro cheiro nunca mais escapar e é nessa hora que eu mais gosto do amuleto.
Se não fosse feito por mim, ele me seria entregue da seguinte forma: alguém o seguraria com as duas mãos e me diria “Toma; pra você”, só isso.
Mas ninguém me deu, eu o fiz e até nome ele tem. Quando eu quero esquecer o amuleto, eu o escondo em uma gaveta de guardar papel. Só que do mesmo jeito que alguém quando esconde 50 reais ou chiclete no guarda-roupa nunca esquece de verdade que guardou, eu-criador não consigo esquecer radicalmente meu amuleto-criatura. Eu deito pra dormir, coloco a mão no meu pescoço e penso “O amuleto não existe mais” mas quando eu fecho o olho eu não evito de mudar o raciocínio: “Ele tá ali, só esperando o ‘algo ou alguém’ falar que ele fica melhor perto do meu queixo”. E essa é a segunda hora que eu mais gosto do amuleto, eu me imagino abrindo a gaveta e ouvindo ele me pedir pra nunca mais guardá-lo.

Um comentário:

  1. Lá eu amei viu ! Me lembro muito meu escapulário, que virou meu amuleto tbm! só que agora vou abrir mão dele de verdade, ele nunca mais vai pra minha gaveta =[
    cada dia sou mais sua fã! Te amo sdd
    Ana

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